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Amar é Comportamento: A Biologia do Verbo “Amar” e sua Base Neurobiológica

Quando conversamos em amor , a linguagem comum costuma reduzi-lo a um substantivo abstrato — algo que se sente, mas não se pratica. No entanto, ao considerar o conceito de que “amar é comportamento” , conforme desenvolvido por Frank Ribeiro no livro Amar é Comportamento , compreende que o amor não nasce pronto dentro de nós, nem está codificado em nossos genes : ele é aprendido, praticado e sustentado no tempo por meio de ações concretas, gestos realizados e escolhas deliberadas 

Essa perspectiva nos permite dialogar com uma visão contemporânea da neurociência e da biologia do amor , onde o verbo “amar” encontra seu suporte biológico. Nesse sentido, amar não é apenas uma emoção ou estado afetivo , mas uma atividade cerebral, emocional e relacional, cujo funcionamento depende de redes neurais, sistemas hormonais e padrões comportamentais treináveis.

O Verbo Amar e Sua Raiz Biológica

Frank Ribeiro defende que amar se aprender e que essa aprendizagem ocorra em contextos específicos, onde as interferências são ambientes uns para os outros. Isso significa dizer que o ambiente relacional modula o comportamento , e o comportamento, por sua vez, reorganiza o ambiente. Essa interação mútua entre indivíduos e contexto tem respaldo na neuroplasticidade cerebral — a capacidade do cérebro de se reconfigurar diante de novas experiências e estímulos.

Estudos em neurociência mostram que atos de cuidado, empatia, escuta e presença ativam circuitos relacionados à conexão social, como as vias dopaminérgicas, o sistema límbico e a amígdala. Além disso, hormônios como a ocitocina e a vasopressina desempenham papéis fundamentais na construção de vínculos profundos e duradouros, especialmente no contexto da conjugalidade funcional.

Portanto, amar não é um dom inato , mas sim um processo neurobiológico que pode ser fortalecido com prática, intencionalidade e reprodução — características centrais de qualquer comportamento aprendido.

Biologia e Aprendizado: Como o Cérebro Constrói o Atual do Verbo Amar

No livro Amar é Comportamento , Ribeiro discute a importância do cérebro relacionada à formação e manutenção de vínculos conjugais. Ele destaca que, embora tenhamos uma base neuropsicológica, o verdadeiro motor do relacionamento é a capacidade de escolher o amar , mesmo quando a emoção inicial esmorece.

Isso se alinha com pesquisas recentes sobre a psicobiologia do amor romântico , que apontam que o amor maduro, diferente do amor romântico inicial , está mais associado aos processos cognitivos conscientes, como a tomada de decisão, o compromisso e a regulação emocional, do que simplesmente à excitação hormonal e à paixão efêmera.

Assim, amar é uma prática que envolve áreas corticais superiores , como o córtex pré-frontal, responsável pela autorregulação e planejamento, e o sistema límbico, que lida com as emoções. Quando essas estruturas funcionam em harmonia, é possível sustentar o amor como escolha, mesmo diante das adversidades.

Linguagem e Significado: O Corpo do Comportamento Amoroso

Outro ponto central do livro é a ideia de que amar é uma linguagem , e como tal, é fornecido por signos, gestos e significados que circulam entre os membros do casal. A comunicação verbal e não verbal torna-se, portanto, o canal principal pelo qual o comportamento amoroso se manifesta.

Nesse aspecto, a Biologia do Conhecer , desenvolvida por Humberto Maturana, oferece um arcabouço teórico importante. Para Maturana, falar é agir em cooperação , e amar é também uma forma de linguajar cooperativo . Ou seja, cada palavra, olhar e toque carrega consigo uma intenção de coexistência e cuidado mútuo.

Além disso, a semiótica do comportamento , isto é, a leitura dos sinais emitidos no cotidiano, revela que o amor se constrói não só pelas palavras, mas pelos atos de significado . Pequenas ações diárias — como ouvir com atenção, abraçar ao acordar ou considerar um erro — são formas concretas de praticar o verbo amar.

O Ambiente Relacional: Cônjuges como Contextos de Aprendizagem Afetiva

Ribeiro afirma que os parceiros são ambientes um para o outro , e que o comportamento amoroso só emerge em condições ambientais adequadas. Isso implica que o espaço relacional precisa ser seguro, acolhedor e propício à aprendizagem contínua , caso contrário, o ódio — também um comportamento aprendido — pode substituir o amor.

Do ponto de vista neurocientífico, isso faz todo sentido: o cérebro humano é profundamente influenciado pelo ambiente social . Em contextos de críticas constantes, falta de respeito e ausência de reciprocidade, o cérebro ativa mecanismos de defesa, como resposta ao estresse e à produção de cortisol. Já em ambientes de segurança e afeto, liberam-se neurotransmissores associados ao bem-estar, como a serotonina e a endorfina.

Logo, para que o comportamento de amar floresça, é necessário cultivar um ambiente relacional saudável , onde haja espaço para erros, mudanças e crescimento mútuo.

Conclusão: Amar é Escolha, Prática e Biologia

Em síntese, amar é comportamento porque se aprende, se pratica e se renova continuamente . É um verbo que exige intencionalidade, corresponsabilidade e disposição para a mudança. E, surpreendentemente, tem raízes profundas na biologia humana , sendo sustentadas por redes neurais, sistemas hormonais e padrões de linguagem que podem ser treinados, observados e até modificados.

Portanto, ao invés de esperarmos por sentimentos passageiros ou por um “milagre emocional”, recomendamos respeitar o amor como uma habilidade a ser desenvolvida , como qualquer outra competência humana. E, como diz Frank Ribeiro, “amar ou odiar são Atos de Significados” — cabendo a nós decidirmos qual dos dois queremos praticar hoje

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